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A amostragem é uma etapa essencial na cadeia de processos da mineração. É por meio dela que se obtém uma fração representativa de um lote de material, com o objetivo de avaliar, de forma confiável, suas características químicas, físicas e metalúrgicas.
Essa representatividade é fundamental: os resultados laboratoriais, os controles de qualidade e até decisões comerciais e regulatórias dependem de dados gerados a partir de amostras que reflitam, com exatidão, a composição do lote.
A norma ABNT NBR ISO 3082 estabelece critérios técnicos rigorosos para garantir que cada partícula do material tenha igual probabilidade de ser selecionada. Quando esse princípio é violado, por exemplo, com cortes parciais do fluxo ou coleta mal posicionada, introduz-se vício no sistema, um tipo de erro sistemático que não pode ser corrigido por repetição.
A seguir, você vai entender:
- O que define uma amostragem confiável
- Qual o papel das normas técnicas nesse processo
- E como a engenharia aplicada pode contribuir para garantir rastreabilidade, precisão e conformidade
O que é amostragem?
Em operações minerais, a confiabilidade dos dados laboratoriais começa muito antes da análise química ou física. Ela nasce na etapa de amostragem.
Segundo a ISO 3082, amostragem é a coleta de uma quantidade relativamente pequena de material que, quando adequadamente planejada e executada, representa de maneira fiel o lote como um todo.
Essa amostra pode ser utilizada para:
- controle de qualidade e conformidade
- definição de teores comerciais (ferro, sílica, alumina, etc.)
- balanços metalúrgicos e planejamento de lavra
- certificação de embarques e auditorias regulatórias
Quando a amostragem é inadequada, os resultados laboratoriais tornam-se estatisticamente inválidos. Isso pode comprometer decisões técnicas, gerar retrabalho e até levar a disputas contratuais por diferenças entre lotes e certificados.É por isso que a norma recomenda projetos de sistemas de amostragem que atendam às exigências de representatividade estatística, massa mínima, frequência de coleta, precisão global e eliminação de vícios (como segregação ou erro de incremento).
Conceito técnico de amostragem e seus princípios fundamentais
A amostragem industrial é definida, segundo a ABNT NBR ISO 3082, como o processo de extração de uma fração de material de um lote, de forma que essa fração represente, com validade estatística, a composição e as propriedades do todo.
Na prática, isso significa que qualquer inferência feita a partir da amostra deve ser aplicável ao lote completo e isso só é possível se princípios técnicos forem respeitados desde a concepção do sistema.
Princípios fundamentais da amostragem
A teoria da amostragem, sistematizada por Pierre Gy e utilizada como base conceitual pela ISO 3082, estabelece que a representatividade de uma amostra depende de três pilares principais:
🔹 Aleatoriedade na coleta
A coleta deve ocorrer sem viés, ou seja, sem favorecer partes específicas do fluxo de material. Isso é garantido por amostradores mecânicos que realizam cortes transversais completos, com velocidade constante, geometria adequada e sem causar segregação.
🔹 Número adequado de incrementos
A amostra composta deve ser formada por um número suficiente de incrementos individuais. A ISO 3082 define métodos para determinar essa quantidade com base na variabilidade do material e na massa total do lote, estabelecendo critérios mínimos para garantir precisão.
🔹 Controle dos erros de amostragem
Segundo Gy, os principais erros que afetam a qualidade da amostra incluem:
- Erro Fundamental (Fundamental Error)
- Erro de Agrupamento e Segregação (Grouping and Segregation Error)
- Erro de Delimitação do Incremento (Increment Delimitation Error)
Cada um desses erros pode ser mitigado por meio de um bom projeto de engenharia, que considere parâmetros como granulometria, densidade do material, tipo de fluxo e escolha adequada dos equipamentos. Além disso, a ISO 3082 estabelece critérios objetivos para os equipamentos de coleta e redução de amostras:
ângulo e geometria do cortador, controle de velocidade, uniformidade da alimentação e consistência da massa dos incrementos. Esses elementos são fundamentais para garantir representatividade, rastreabilidade e eliminação de vícios sistemáticos.

Impactos da má amostragem na mineração
Falhas na amostragem industrial resultam em distorções que comprometem não apenas a validade dos resultados analíticos, mas toda a rastreabilidade técnica exigida nos processos industriais, regulatórios e comerciais. Conforme a ABNT NBR ISO 3082, a amostragem deve ser planejada de modo que todas as partículas do lote tenham igual oportunidade de serem selecionadas, assegurando representatividade estatística. Quando isso não ocorre, os erros sistemáticos (vício) não podem ser corrigidos por replicações ou aumentos no número de incrementos.
Exemplos práticos de impacto
- Controle de qualidade de processo
Um sistema mal posicionado ou sem frequência adequada de coleta pode gerar dados com alta variabilidade aleatória, impossibilitando a detecção de desvios reais ou levando a correções desnecessárias. Isso implica em desperdício de insumos, retrabalho e perda de eficiência.
- Comercialização de minérios:
Divergências entre laudos do fornecedor e do comprador muitas vezes se originam de esquemas de amostragem distintos, especialmente se o corte do fluxo não for transversal completo, como exige a norma. Isso pode resultar em discordâncias nos teores de ferro, sílica ou alumina, gerando ajustes contratuais ou perdas financeiras.
- Auditorias ambientais e regulatórias: amostras não representativas impactam a rastreabilidade e podem inviabilizar a verificação da qualidade por órgãos reguladores. A norma exige que o sistema permita validação estatística (testes de vício, reprodutibilidade e ANOVA), conforme a ISO 3084 e ISO 3085. Sem isso, relatórios podem ser invalidados.
- Incerteza nos relatórios laboratoriais: Mesmo com análise correta, uma amostra mal coletada não representa o lote. Assim, o laudo deixa de ser tecnicamente aplicável. A ISO 3082 reforça que a precisão analítica não compensa vício de amostragem, o projeto deve minimizar as fontes de viés desde o início.
Consequências estratégicas
Além das perdas objetivas, falhas na amostragem industrial comprometem indicadores-chave da operação, como recuperação metalúrgica, estabilidade de processo e eficiência energética. Isso enfraquece a competitividade da planta, dificulta a comprovação de performance para a diretoria e limita iniciativas de melhoria contínua, como projetos Lean, Seis Sigma ou programas de automação.
A importância da representatividade e o que diz a norma ABNT NBR ISO 3082
A representatividade estatística de uma amostra é o critério central de qualquer sistema de amostragem confiável. No contexto da mineração, esse conceito está diretamente ligado à validade dos dados que embasam decisões técnicas, contratuais ou regulatórias. Se a amostra não for representativa, os resultados analíticos não refletem a realidade do lote, o que invalida inferências e ações operacionais.
A ABNT NBR ISO 3082:2019 estabelece os princípios e procedimentos técnicos para sistemas de amostragem e preparação de amostras de minérios de ferro. Embora seja específica para esse tipo de minério, seus fundamentos são amplamente aplicáveis a outros materiais granulares e operações industriais similares.
Princípios fundamentais da ISO 3082
- Representatividade estatística: o sistema de amostragem deve ser projetado para reduzir ao mínimo os erros sistemáticos (viés) e os erros aleatórios. Isso envolve o controle da variabilidade do material, escolha adequada dos pontos de coleta e corte completo do fluxo de material.
- Incrementos adequados: a amostra global deve ser composta por incrementos sucessivos coletados de forma regular ao longo do tempo ou da massa, respeitando critérios como massa mínima e número de incrementos, conforme descrito na seção 5.4 da norma.
- Equipamentos apropriados: os dispositivos utilizados, como amostradores lineares, tipo Vezin ou de duplo estágio, devem ser projetados e instalados com base em requisitos técnicos e geométricos específicos. Isso inclui ângulo e velocidade de corte, seção transversal do fluxo e conformidade com normas de segurança como NR-10 e NR-12.
- Documentação técnica: a norma exige a formalização do sistema por meio de planos, fluxogramas, memoriais de cálculo, especificações e registros de verificação. Isso garante rastreabilidade, facilita auditorias e assegura a conformidade com requisitos contratuais e regulatórios.
- Validação do sistema: a verificação da confiabilidade do sistema de amostragem deve ser feita por meio de testes estatísticos, como análise de variância (conforme a ISO 3084), verificação de precisão (ISO 3085) e testes de vício (ISO 3086). Esses ensaios são essenciais para confirmar que os dados obtidos têm base estatística sólida.
Por que seguir a norma é essencial?
Ignorar os critérios definidos pela norma ABNT NBR ISO 3082 compromete diretamente a qualidade dos dados, além de expor a operação a riscos técnicos, contratuais e regulatórios. Em contextos de auditoria ou disputas comerciais, a ausência de conformidade pode invalidar os resultados e afetar a credibilidade da empresa.
Como garantir confiabilidade na prática: do projeto ao preparo da amostra
A obtenção de dados confiáveis em um sistema de amostragem industrial exige mais do que a escolha de um equipamento, requer a integração entre projeto, operação e validação, com base em critérios normativos e estatísticos. A norma estabelece requisitos claros para cada etapa, desde a coleta até o preparo da amostra.
1. Projeto técnico com base normativa
O ponto de partida é o dimensionamento do sistema de amostragem com base na ABNT NBR ISO 3082, que define requisitos para:
- Geometria da coleta (como ângulo de corte, velocidade do cortador e abertura da seção);
- Número de incrementos primários e sua distribuição temporal (com base na massa do lote e na variabilidade do material);
Equipamentos apropriados à condição operacional, como:
- Amostradores lineares para casas de transferência ou chutes, com fluxo por gravidade;
- Amostradores tipo Vezin e Vezin de duplo estágio para sistemas de polpa em queda livre, com subdivisão sucessiva controlada.
2. Instalação conforme requisitos operacionais
A norma orienta que o amostrador primário seja instalado no ponto mais próximo do carregamento ou descarga e, preferencialmente, onde a totalidade do fluxo possa ser interceptada por um cortador transversal. Esse cortador deve coletar uma seção completa do fluxo com velocidade uniforme e sem introduzir vício.
3. Preparo adequado da amostra
Após a coleta, a preparação da amostra deve ser feita de forma a evitar perdas, segregação ou contaminação. Isso inclui etapas como:
- Redução com divisores normatizados;
- Secagem controlada (em caso de análise de umidade);
- Homogeneização adequada para posterior divisão e ensaio.
Todos os procedimentos devem assegurar que as propriedades do lote sejam mantidas na amostra final, conforme recomendado na seção 10 da norma.
4. Validação estatística e rastreabilidade
A confiabilidade do sistema deve ser avaliada periodicamente por meio de métodos estatísticos, como:
- Teste de vício (ISO 3086);
- Análise de variância (ISO 3084);
- Verificação de precisão (ISO 3085).
Essa validação garante que o sistema opera dentro dos limites aceitáveis de erro, permitindo o uso dos dados para decisões técnicas, comerciais e regulatórias
Como a Sammix contribui para sistemas de amostragem mais eficientes
A Sammix atua como parceira técnica na implementação de sistemas completos de amostragem industrial, atendendo com rigor às exigências normativas da ABNT NBR ISO 3082 e às demandas operacionais de setores como mineração, siderurgia, fertilizantes e outras indústrias de base.
Além da fabricação de amostradores conforme norma, a empresa oferece um portfólio integrado que contempla:
🔹 Amostrador Linear – ideal para fluxo gravitacional em chutes e casas de transferência

🔹 Amostrador Vezin – utilizado em sistemas de polpa, especialmente em flotação

🔹 Vezin de Duplo Estágio – indicado para reduções sucessivas com maior controle de representatividade

🔹 Divisor Rotativo de Amostras – promove subdivisão precisa, uniforme e rastreável conforme critérios técnicos

A Sammix também entrega:
- Engenharia sob medida, com estudos de interferência e cálculos personalizados
- Documentação técnica completa, incluindo memoriais, curvas S, fluxogramas, EAPs e manuais
- Equipamentos laboratoriais robustos e normatizados para cominuição, peneiramento, mistura e classificação
- Treinamentos técnicos voltados para QA/QC, normas ISO, estatística e boas práticas operacionais
- Consultoria especializada, com suporte técnico em todas as fases do projeto
Mais do que fornecer equipamentos, a Sammix projeta soluções de engenharia que garantem representatividade, rastreabilidade e confiabilidade em todas as etapas da amostragem industrial, transformando dados em decisões técnicas seguras e sustentáveis.